Nego Fugido de Acupe: dança, teatro e resistência
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| Foto: Dalila Brito |
Por: Dalila Brito
Na cidade de Santo Amaro, mais precisamente no distrito de Acupe, nasceu o Nego Fugido, mais um exemplo de resistência desde o início dos tempos. Essa representação cênica se organiza numa compilação de elementos teatrais, dança, música e artes visuais, mantendo nessa representação artística o discurso político com questões sociais que até os dias atuais afetam a sociedade, em especial o povo negro. O Nego Fugido funde elementos da dança, da música, do candomblé e do teatro é mantido há pelo menos um século pelos moradores de Acupe. A encenação recria a luta pela libertação dos escravos. Tendo como cenário as ruas de Acupe, os personagens de Nego Fugido revivem o ideal de liberdade almejado pelos escravos. A manifestação conta a história do negro que fugia e era perseguido nas matas, vestindo-se de folhas de bananeira para se camuflar.
Seu discurso teatral imprime discursos políticos que remetem ao período em que os negros passaram a ser traficados da África com o objetivo de atender as demandas do crescente número de trabalhadores que se fazia necessário nas lavouras de cana de açúcar. Os escravos desempenharam esses trabalhos desde o descobrimento do Brasil em 1500 até 1888, sem nenhum acesso a direitos básicos, foram sequestrados de sua terra de origem sem o mínimo direito de manifestar a sua cultura no Brasil. As insatisfações com a situação enfrentada contribuiu para a criação de quilombos, locais onde os escravos se refugiavam e se articulavam para lutar pela liberdade, como descreve a tese de Monilson dos Santos Pinto, Nego Fugido, manifestos de memórias incorporadas.
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